2021-12-10 14:57:03.0
UFSCar adapta barco usado por paratleta na conquista do bronze em Tóquio
Adaptação foi desenvolvida pelo Núcleo de Pesquisa e Desenvolvimento de Tecnologia Assistiva
O Núcleo de Pesquisa e Desenvolvimento de Tecnologia Assistiva (NTA), do Campus Sorocaba da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), desenvolveu a adaptação do assento do barco a remo do paratleta Renê Campos Pereira, que tem paralisia de membros inferiores e que conquistou, utilizando o assento adaptado no NTA, a medalha de bronze nas Paraolimpíadas de Tóquio, no dia 29 de agosto de 2021.
Conforme o site oficial da Confederação Brasileira de Remo (CBR), essa medalha de bronze do paratleta Renê Pereira, na modalidade Single Skiff Masculino (PR1M1x), é a segunda medalha do Brasil no remo em Jogos Paralímpicos, sendo que a primeira foi conquistada por Josiane Lima e Elton Santana, que levaram o bronze no Double Skiff PR2 em Pequim, no ano de 2008.
O projeto de adaptação do assento do barco de Renê Pereira foi solicitado pela CBR e realizado em parceria com a empresa Conforpés, de Sorocaba, que atua no ramo de produção e distribuição de próteses e produtos assistivos. Cleyton Fernandes Ferrarini, professor do Departamento de Engenharia de Produção (DEP-So) do Campus Sorocaba e coordenador do NTA-UFSCar, explica que o equipamento utilizado anteriormente pelo atleta apresentava alguns problemas, prejudicando o seu desempenho. "A estabilização dos membros inferiores foi apresentada como a necessidade primordial para aprimoramento da performance do esportista. Ao remar, ocorriam movimentos involuntários das pernas que levavam ao desequilíbrio e a consequentes perdas energéticas para retomar o equilíbrio. Também foram identificadas as necessidades de adaptações de equipamentos que compõem o 'cockpit' do barco", destaca Ferrarini.
No novo projeto foram trabalhados a estrutura para estabilização das pernas, encosto, assento e finca-pé. O desenvolvimento do barco a remo adaptado ocorreu no período de abril a outubro de 2019, junto a terapeutas ocupacionais e técnicos da Conforpés. "A equipe realizou a identificação de requisitos do produto por meio de entrevistas com o atleta, seu treinador e integrantes do staff da CBR. Posteriormente, foram discutidas e definidas alternativas projetuais para aprimoramento da performance. Na sequência, os protótipos foram produzidos e testados pelo esportista e sua equipe na raia da Cidade Universitária da Universidade de São Paulo (USP), o que levou a ajustes e novos testes", detalha Miguel A. A. Borrás, também professor do DEP-So e integrante do NTA-UFSCar.
O barco a remo olímpico é composto pelo casco, geralmente constituído por fibra de carbono, fibra de vidro e resina epóxi. Nele há o espaço reservado para acomodação de um (ou mais) remadores, o "cockpit", onde se encontram o encosto, o assento e o finca-pé. Fixadas nas laterais do barco ficam as braçadeiras que apoiam os remos. Segundo Plínio César Marins, técnico do NTA-UFSCar, a principal diferença entre um barco a remo padrão e o adaptado está na obrigatoriedade de uso de cintos de segurança para tórax e pernas do paratleta. "Encosto, assento e finca-pé podem ser customizados de acordo com a necessidade do paratleta, porém submetidos à aprovação por comitê julgador das provas", completa. Ele explica que "o assento anatômico em fibra de carbono foi customizado para Renê Pereira; porém o encosto, finca-pé e estrutura para estabilização das pernas podem ser utilizados também por outros atletas".
Renê Pereira utilizou o assento adaptado em duas etapas da Copa do Mundo de Remo, conquistando medalha de prata em Roterdã, na Holanda, em julho de 2019, e o quinto lugar na etapa de Linz Ottensheim, na Áustria, em setembro do mesmo ano. Com isso, garantiu sua vaga nos Jogos Paralímpicos de Tóquio, onde ganhou a medalha de bronze.
Agora, conjuntamente com Renê Pereira, o NTA da UFSCar-Sorocaba está em busca de parceiros da iniciativa privada para financiar o aperfeiçoamento desse assento e de dispositivo de apoio à estabilização, para utilização pelo paratleta nas Paraolimpíadas de Paris 2024.
Sobre o NTA-UFSCar
O Núcleo foi criado em 2013 e, desde então, já desenvolveu vários projetos como protótipos de cadeiras de rodas e de andadores; mesa portátil para uso em cadeiras de rodas; cadeira de banho de baixo custo com estrutura de tubos de PVC; pratos adaptados para crianças com deficiência motora; colheres de silicone para usuários com mordedura involuntária; apoio para smartphone para pessoas com deficiência visual utilizarem aplicativo de lupa; plataforma dirigível para cadeira de rodas; e recursos didáticos para crianças com deficiência visual.
Atualmente, integram o Núcleo os professores do DEP-So Andréa Regina Martins Fonte, Patricia Saltorato, Isaias Torres, Miguel A. A. Borrás e Cleyton Fernandes Ferrarini; o técnico de laboratório do DEP-So Plínio César Marins; além de alunos de graduação, mestrado e doutorado de programas da UFSCar e de outras universidades.
O Núcleo está alocado em sala anexa ao Laboratório de Simulação de Situações Produtivas (LASP), pertencente ao DEP-So, situado no prédio ATLab do Campus Sorocaba da Universidade. Interessados em mais informações ou no financiamento do aperfeiçoamento do barco para Paris 2024 podem contatar o NTA pelo e-mail nta.ufscar@gmail.com ou pelos telefones (15) 3229-6116 e (15) 99765-5704 (via WhatsApp).
Contato para esta matéria:
João Eduardo Justi Telefone: (16) 981587168
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