Livro da EdUFSCar aborda o ativismo mexicano contemporâneo
Obra consiste em notas de campo editadas sobre movimentos ativistas mexicanos
A Editora da UFSCar (EdUFSCar) está lançando o livro "Fieldnotes from Mexico - La noche de Iguala (2014-15)", de autoria de Olof Ohlson, pós-doutorando na UFSCar. A publicação é um retrato do ativismo mexicano contemporâneo, escrita para expressar as experiências e perspectivas dos ativistas ao protestar contra a violência estatal, criminosa e capitalista.
"Escrevi duas versões diferentes para minha tese de doutorado. Uma era um texto acadêmico escrito no estilo padrão, estruturado com capítulos acadêmicos contendo teoria e discussão em relação às referências e assim por diante. A segunda versão era diferente e mais experimental: era uma tentativa de fazer e escrever antropologia de uma nova maneira, com a teoria retirada ou sendo empurrada para notas finais ou notas de rodapé para ter um texto mais limpo e legível", explicou o autor.
A obra consiste em notas de campo editadas sobre movimentos ativistas mexicanos envolvidos na "indignação por Ayotzinapa", que foi um levante popular de protesto contra a violência estatal.
"Comecei a me tirar da cena e me concentrei apenas em contar as histórias dos ativistas com quem fiz amizade, e isso começou o que eu chamo no livro de escrita orientada para o informante, ou notas de campo orientadas para o informante. Então, eu também vi três tipos distintos de notas de campo emergirem: primeiro, eu contando minibiografias dos meus informantes e escrevendo textos sobre o que eles estavam fazendo a partir das minhas observações e participações. Em segundo lugar, outro tipo de texto emergiu, que eram as longas transcrições de entrevistas ou transcrições de discursos que meus informantes deram nos eventos que eles organizaram. Um terceiro tipo de texto contou as histórias dos desaparecidos do México. Essas histórias foram preparadas e escritas por seus parentes em reuniões de ativistas e depois esculpidas em placas de metal colocadas na rua para compor um novo local memorial não oficial, em Estela de Luz, do lado de fora do Parque Chapultepec, no centro da Cidade do México", relatou.
O livro cobre um período de 18 meses durante 2014-15, e uma curta estadia de campo de outubro a novembro de 2022.
"Por mais de um ano e meio, participei das reuniões ativistas da Plataforma Solidária de Ayotzinapa, fiz parte de sua criação; das reuniões do MPJD e das assembleias estudantis interuniversitárias da Cidade do México. Participei ou observei os protestos que os movimentos que acompanhei realizaram. Quando a Caravana de Mães Centro-Americanas veio ao México, compareci aos seus eventos, entrevistei-as e gravei seus discursos dirigidos ao público. Observei e acompanhei uma greve de fome realizada por três mães de Cidade Juárez na tentativa de forçar novas investigações sobre o desaparecimento de suas filhas. Entrevistei e marchei junto com os estudantes que sobreviveram a La Noche de Iguala e os pais dos estudantes que foram levados para nunca mais serem vistos naquela noite. Participei do Primeiro Festival Mundial de Rebelião e Resistência organizado pelas zapatistas, e de uma série de seminários de uma semana que eles realizaram em San Cristobal de las Casas em Chiapas, Critical Thinking About the Hydra of Capitalism, e visitei seu enclave Oventic nas montanhas; participei e entrevistei a polícia cidadã auto-armada de Guerrero, o PCP, e assim por diante. Sempre com um caderno e meu velho gravador na mão. Essas foram as duas ferramentas que usei para coletar as histórias deste livro", contou Ohlson.
Para o autor, o resultado do trabalho é um retrato das lutas políticas obstinadas dos familiares mexicanos de vítimas de violência, uma representação que mostra como circunstâncias trágicas transformam a vida de pessoas normais, como os Pais e Mães de Ayotzinapa, ou de Omar Garcia ou Esmeralda, e forçam para que se tornem ativistas viajando pelo país em busca de seus entes queridos desaparecidos, lutando por justiça e verdade sobre os crimes cometidos contra eles.
Mais informações no site da EdUFSCar (edufscar.com.br), em que a obra pode ser adquirida.
"Escrevi duas versões diferentes para minha tese de doutorado. Uma era um texto acadêmico escrito no estilo padrão, estruturado com capítulos acadêmicos contendo teoria e discussão em relação às referências e assim por diante. A segunda versão era diferente e mais experimental: era uma tentativa de fazer e escrever antropologia de uma nova maneira, com a teoria retirada ou sendo empurrada para notas finais ou notas de rodapé para ter um texto mais limpo e legível", explicou o autor.
A obra consiste em notas de campo editadas sobre movimentos ativistas mexicanos envolvidos na "indignação por Ayotzinapa", que foi um levante popular de protesto contra a violência estatal.
"Comecei a me tirar da cena e me concentrei apenas em contar as histórias dos ativistas com quem fiz amizade, e isso começou o que eu chamo no livro de escrita orientada para o informante, ou notas de campo orientadas para o informante. Então, eu também vi três tipos distintos de notas de campo emergirem: primeiro, eu contando minibiografias dos meus informantes e escrevendo textos sobre o que eles estavam fazendo a partir das minhas observações e participações. Em segundo lugar, outro tipo de texto emergiu, que eram as longas transcrições de entrevistas ou transcrições de discursos que meus informantes deram nos eventos que eles organizaram. Um terceiro tipo de texto contou as histórias dos desaparecidos do México. Essas histórias foram preparadas e escritas por seus parentes em reuniões de ativistas e depois esculpidas em placas de metal colocadas na rua para compor um novo local memorial não oficial, em Estela de Luz, do lado de fora do Parque Chapultepec, no centro da Cidade do México", relatou.
O livro cobre um período de 18 meses durante 2014-15, e uma curta estadia de campo de outubro a novembro de 2022.
"Por mais de um ano e meio, participei das reuniões ativistas da Plataforma Solidária de Ayotzinapa, fiz parte de sua criação; das reuniões do MPJD e das assembleias estudantis interuniversitárias da Cidade do México. Participei ou observei os protestos que os movimentos que acompanhei realizaram. Quando a Caravana de Mães Centro-Americanas veio ao México, compareci aos seus eventos, entrevistei-as e gravei seus discursos dirigidos ao público. Observei e acompanhei uma greve de fome realizada por três mães de Cidade Juárez na tentativa de forçar novas investigações sobre o desaparecimento de suas filhas. Entrevistei e marchei junto com os estudantes que sobreviveram a La Noche de Iguala e os pais dos estudantes que foram levados para nunca mais serem vistos naquela noite. Participei do Primeiro Festival Mundial de Rebelião e Resistência organizado pelas zapatistas, e de uma série de seminários de uma semana que eles realizaram em San Cristobal de las Casas em Chiapas, Critical Thinking About the Hydra of Capitalism, e visitei seu enclave Oventic nas montanhas; participei e entrevistei a polícia cidadã auto-armada de Guerrero, o PCP, e assim por diante. Sempre com um caderno e meu velho gravador na mão. Essas foram as duas ferramentas que usei para coletar as histórias deste livro", contou Ohlson.
Para o autor, o resultado do trabalho é um retrato das lutas políticas obstinadas dos familiares mexicanos de vítimas de violência, uma representação que mostra como circunstâncias trágicas transformam a vida de pessoas normais, como os Pais e Mães de Ayotzinapa, ou de Omar Garcia ou Esmeralda, e forçam para que se tornem ativistas viajando pelo país em busca de seus entes queridos desaparecidos, lutando por justiça e verdade sobre os crimes cometidos contra eles.
Mais informações no site da EdUFSCar (edufscar.com.br), em que a obra pode ser adquirida.
Contato para esta matéria: Fabricio Mazocco Telefone: (16) 997031853
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