Professor da UFSCar lança livro sobre a poesia de José de Alencar
Obra publicada pela Edusp revela faceta pouco conhecida do autor de O Guarani e reúne poemas dispersos e inéditos
O professor Wilton José Marques, do Departamento de Letras (DL) da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), lançou pela Edusp o livro "Poemas dispersos e alguns inéditos de José de Alencar", que trata de um aspecto literário pouco conhecido do escritor cearense: sua poesia. Mais lembrado pelos romances indianistas e urbanos, Alencar também cultivou versos que, por décadas, permaneceram fora do alcance de leitores e críticos.
O volume se divide em duas partes: um ensaio introdutório, intitulado "José de Alencar, poeta", e uma antologia. Na primeira, Marques traça uma visada panorâmica sobre o itinerário poético do autor, apresentando os poemas e, ao mesmo tempo, problematizando historicamente os vários e sinuosos caminhos de sua relação com a poesia.
Já na segunda, o professor reúne poemas publicados apenas uma vez, em 1960, no quarto volume da "Obra completa" e na Revista do Livro, além de textos inéditos, retirados do caderno de anotações do próprio Alencar, bem como de periódicos e livros.
"De fato, a faceta poética de José de Alencar é um tanto quanto desconhecida, seja por leitores, seja pela crítica. No entanto, partindo das primeiras publicações, consegui, por meio de trabalho de pesquisa, encontrar textos inéditos, sobretudo em periódicos e jornais do século XIX", conta o professor.
Marques explica que a descoberta ganhou novo fôlego com a colaboração do pesquisador alencariano Marcelo Pellogio, da Universidade Federal do Ceará (UFC). "Tive a felicidade de receber dele a cópia digitalizada do caderno de anotações do próprio Alencar - o Caderno III ("Poesia, Teatro e Diversos") - que, além de me permitir conferir os poemas publicados, alguns com erros de transcrição, também me deu acesso a outros poemas inéditos", relata.
O conteúdo traz pouco mais de 20 poemas líricos e dois de temática indianista. "Como todo bom romântico, Alencar lançou mão da poesia para expressar o sofrimento amoroso por conta de uma relação fracassada com uma jovem aristocrata. Mas também para louvar algumas cantoras líricas, traduzir um poema de [Alphonse Marie Louis de Prat de] Lamartine, homenagear a mulher e os filhos ou produzir poemas indianistas", observa.
Para o professor, revisitar esses versos ajuda a ampliar a compreensão sobre o projeto literário do autor. "No trabalho de crítica sobre o passado literário, é preciso levar em conta também as obras e os textos menores, publicados ou não, já que estes poderão contribuir para um melhor entendimento do que a posteriori será singularizado pela própria crítica como o projeto literário de tal escritor", reflete.
Seguindo a lição do poeta mexicano Octavio Paz, para quem "o poema só se realiza plenamente na participação: sem leitor, a obra só existe pela metade", o livro "Poemas dispersos e alguns inéditos de José de Alencar" convida o público a um duplo intuito: resgatar - como nova - a velha e esquecida faceta literária do autor de "O Guarani" e possibilitar que seus poemas tenham chance de também encontrar suas metades. Afinal, como lembra Marques, "em literatura, a leitura é tudo".
O livro está disponível no site da Edusp, em www.edusp.com.br/livros/poemas-dispersos-e-alguns-ineditos-de-jose-de-alencar.
Sobre o autor
Wilton José Marques é professor titular de Literatura Brasileira da UFSCar e pesquisador do CNPq. Além de organizar "Ao correr da pena (folhetins inéditos)", de José de Alencar (EdUFSCar: 2017), é autor de "Machado de Assis e as primeiras incertezas" (Alameda: 2022) e de "Gonçalves Dias: o poeta na contramão" (2ª ed., Alameda: 2025).
O volume se divide em duas partes: um ensaio introdutório, intitulado "José de Alencar, poeta", e uma antologia. Na primeira, Marques traça uma visada panorâmica sobre o itinerário poético do autor, apresentando os poemas e, ao mesmo tempo, problematizando historicamente os vários e sinuosos caminhos de sua relação com a poesia.
Já na segunda, o professor reúne poemas publicados apenas uma vez, em 1960, no quarto volume da "Obra completa" e na Revista do Livro, além de textos inéditos, retirados do caderno de anotações do próprio Alencar, bem como de periódicos e livros.
"De fato, a faceta poética de José de Alencar é um tanto quanto desconhecida, seja por leitores, seja pela crítica. No entanto, partindo das primeiras publicações, consegui, por meio de trabalho de pesquisa, encontrar textos inéditos, sobretudo em periódicos e jornais do século XIX", conta o professor.
Marques explica que a descoberta ganhou novo fôlego com a colaboração do pesquisador alencariano Marcelo Pellogio, da Universidade Federal do Ceará (UFC). "Tive a felicidade de receber dele a cópia digitalizada do caderno de anotações do próprio Alencar - o Caderno III ("Poesia, Teatro e Diversos") - que, além de me permitir conferir os poemas publicados, alguns com erros de transcrição, também me deu acesso a outros poemas inéditos", relata.
O conteúdo traz pouco mais de 20 poemas líricos e dois de temática indianista. "Como todo bom romântico, Alencar lançou mão da poesia para expressar o sofrimento amoroso por conta de uma relação fracassada com uma jovem aristocrata. Mas também para louvar algumas cantoras líricas, traduzir um poema de [Alphonse Marie Louis de Prat de] Lamartine, homenagear a mulher e os filhos ou produzir poemas indianistas", observa.
Para o professor, revisitar esses versos ajuda a ampliar a compreensão sobre o projeto literário do autor. "No trabalho de crítica sobre o passado literário, é preciso levar em conta também as obras e os textos menores, publicados ou não, já que estes poderão contribuir para um melhor entendimento do que a posteriori será singularizado pela própria crítica como o projeto literário de tal escritor", reflete.
Seguindo a lição do poeta mexicano Octavio Paz, para quem "o poema só se realiza plenamente na participação: sem leitor, a obra só existe pela metade", o livro "Poemas dispersos e alguns inéditos de José de Alencar" convida o público a um duplo intuito: resgatar - como nova - a velha e esquecida faceta literária do autor de "O Guarani" e possibilitar que seus poemas tenham chance de também encontrar suas metades. Afinal, como lembra Marques, "em literatura, a leitura é tudo".
O livro está disponível no site da Edusp, em www.edusp.com.br/livros/poemas-dispersos-e-alguns-ineditos-de-jose-de-alencar.
Wilton José Marques é professor titular de Literatura Brasileira da UFSCar e pesquisador do CNPq. Além de organizar "Ao correr da pena (folhetins inéditos)", de José de Alencar (EdUFSCar: 2017), é autor de "Machado de Assis e as primeiras incertezas" (Alameda: 2022) e de "Gonçalves Dias: o poeta na contramão" (2ª ed., Alameda: 2025).
anexos:
Capa do livro (Imagem: Reprodução)Wilton José Marques (Foto: CCS-UFSCar)
Manuscrito inédito de José de Alencar (Foto: Wilton Marques)
Contato para esta matéria: Adriana Arruda Telefone: (16) 33518478
« voltar
