2025-10-14 12:16:56.0

Bolsistas do Programa Abdias Nascimento iniciam mobilidade internacional

12 estudantes da UFSCar e da UFMA integram projeto sobre juventudes, educação e diversidade étnico-racial

A partir desta segunda-feira, dia 13 de outubro, 12 estudantes brasileiros iniciaram o processo de mobilidade acadêmica internacional no âmbito do Programa de Desenvolvimento Acadêmico Abdias Nascimento, recriado pelo Ministério da Educação (MEC) e pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes). 
Os bolsistas foram selecionados no projeto interinstitucional e internacional "Juventudes na Amazônia Oriental: educação e diversidade étnico-racial em contextos afrodiaspóricos", que reúne a Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), a Universidade Federal do Pará (UFPA) e a Universidade Federal do Maranhão (UFMA), em parceria com a University of Birmingham (Reino Unido), a Universidad Externado de Colombia (Colômbia) e a Georgia State University (Estados Unidos). 
Focado na Amazônia Oriental - que compreende os estados do Pará, Maranhão, Amapá, Tocantins e Mato Grosso -, o projeto busca compreender as múltiplas expressões das juventudes nesses territórios, com especial atenção às populações negras, indígenas e quilombolas.
Destinado a estudantes de mestrado e doutorado autodeclarados negros (pretos e pardos), o programa incentiva pesquisas que abordam, de forma diversa e inovadora, temas como justiça social, mobilidades culturais, educação antirracista, políticas públicas inclusivas e produção de saberes afrodiaspóricos.
"Os projetos abrangem desde o impacto das reformas curriculares e políticas de permanência escolar até as expressões culturais do hip-hop, do skate, do bumba meu boi e das religiosidades afro-brasileiras, além de estudos sobre encarceramento feminino, ancestralidade genética e uso de tecnologias digitais", explica Tatiane Cosentino Rodrigues, Coordenadora Geral do Programa e docente do Departamento de Teorias e Práticas Pedagógicas (DTTP) da UFSCar.
A iniciativa busca promover a formação acadêmica de excelência, fortalecer diálogos interculturais, reconhecer a pluralidade de identidades juvenis e contribuir para a construção de políticas educacionais e sociais mais justas. Essa primeira turma inaugura um ciclo de cooperação internacional comprometido com a produção de conhecimento crítico e a transformação das realidades vividas pelas juventudes amazônicas.
"O programa nasceu da luta do movimento negro, que reivindicava uma política de mobilidade acadêmica voltada às especificidades desses grupos. Abdias Nascimento simboliza esse espírito: um intelectual e militante que soube usar a internacionalização como ferramenta de justiça social", contextualiza Rodrigues.
Com duração prevista até 2027, o programa oferece estadias de quatro a 10 meses para mestrandos e seis a 10 meses para doutorandos. Esta é a segunda edição do Programa Abdias Nascimento na UFSCar, ambas coordenadas por Rodrigues. "Desta vez, a UFSCar amplia seus acordos de cooperação internacional, estabelecendo novas parcerias e mantendo colaboração construída historicamente pelo trabalho da professora Petronilha Beatriz Gonçalves e Silva, pioneira nas discussões sobre relações étnico-raciais na educação", complementa a Coordenadora.
Ela destaca que os resultados do primeiro edital comprovam o potencial transformador do Abdias Nascimento. "Tivemos egressos que seguiram a carreira acadêmica e concluíram o doutorado inspirados pela experiência internacional. O programa não transforma apenas trajetórias individuais, mas também famílias, bairros e comunidades inteiras. Uma das nossas bolsistas contou que sua vizinha voltou a estudar depois de acompanhá-la nesse processo - isso é mobilidade social em ação."

Crescimento humano e coletivo
Para além da excelência acadêmica, o Abdias Nascimento promove crescimento humano e coletivo. "Temos alunos que nunca saíram da cidade de São Carlos e agora vão para o exterior. Eles estão aprendendo a traduzir suas pesquisas para outras culturas e a lidar com a experiência da diferença, a se fortalecer em grupo. Esse é um dos principais ganhos do programa", afirma Rodrigues.
Segundo a docente, o processo de mobilidade envolve muito mais do que a simples troca de país: exige preparo acadêmico, emocional e linguístico. "Os alunos precisam reorganizar suas pesquisas para que façam sentido em outra língua e em outros contextos culturais. Muitos estão passando, pela primeira vez, por exames de proficiência exigidos pela Capes, aprendendo a escrever e a apresentar seus trabalhos em Inglês ou Espanhol, além de lidar com toda a burocracia envolvida em vistos e deslocamentos. Esse processo é, por si só, formativo e transformador."
Representam a UFSCar nesta mobilidade internacional os estudantes Engel Rodrigues de Lima, Pamela Barbosa Martins e Vitória Marinho Wermelinger, do Programa de Pós-Graduação em Sociologia (PPGS); e Florença Freitas Silvério, Luciene Reis Silva e Marcelo Matteus Presse Leite, do Programa de Pós-Graduação em Educação (PPGE). 
Já pela UFMA, integram o grupo Francivan Almeida Silva, Otavio Aryel Lima Araújo, Richelle Kauanny Carvalho de Araújo e Vitoria Sousa de Oliveira, todos do Programa de Pós-Graduação em Sociologia (PPGS); e Perla Maria Berwanger, e Juliana dos Santos Nogueira, ambas do Programa de Pós-Graduação em Cultura e Sociedade (PGCult).
Informações detalhadas sobre os projetos e as universidades de destino podem ser consultadas em https://bit.ly/abdias-ufscar-ufma.

anexos:

Estudantes integram projeto sobre juventudes, educação e diversidade (Imagem: Divulgação)
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